quinta-feira, setembro 29, 2011

Meu Poema Setembro

Despeço-me do dia, do jardim, das fadas
do silêncio da noite, do temor, dos medos...
e digo olá à madrugada e digo olá á madrugada!

Nascem palavras sob os meus dedos.

 São sempre iguais estas mãos calejadas, feridas, escravizadas pela escrita!
Ás vezes frias, às vezes mortas..
Endurecidas pela dor, cansadas de bater a tantas portas!
Por vezes meigas, doces, abençoadas,suavizadas pela esperança,
São sempre as mesmas, as minhas mãos ,reescrevendo poemas, exorcizando a desdita.
Minhas mãos Mulher,minhas mãos Paixão,minhas mãos Ternura, meu Ser criança.

Despeço-me do dia, da azáfama, do calor,
da partilha da noite,em que meu sonhar relembro...
e digo olá à madrugada. Olá Luar! Olá Amor!

Renasceu Poema o meu Setembro!

sábado, setembro 24, 2011

Sem palavras


Sem palavras. 
Não, não insistas, não digas nada!
Imagina apenas que folheias as páginas deste livro
com o toque alvo e puro do meu vestido de brocado.
Sem palavras.
Limita-te a caminhar na berma azul e silenciosa da madrugada ,
 até que chegue a hora  em que os pássaros abandonam a ramagem das acácias.
Sem mais palavras do que aquelas que fazem eco nas águas quietas do coração.



sexta-feira, setembro 23, 2011

Peregrina

Imagem de pybony.xpg.com.br

Há momentos em que procuro criar raízes no solo firme
e poder dizer eu sou daqui,desta terra verde que me nutre e abraça.

No entanto, chamam-me as águas do rio, empurra-me o vento para a outra margem,
onde os deuses da selva ainda conhecem todas as palavras do Silêncio 
e as aves coloridas jamais esqueceram os aromas do Éden.

Peregrina. Marinheira. Caminhante.
Nunca  minha Voz  se deixará pisar!
Jamais meu Coração se cobrirá de musgo!

22.9.2011

quinta-feira, setembro 08, 2011

Pedras e Conchas


Um dia saberei a linguagem silenciosa
das pedras e das conchas milenares.


Os segredos do MAR.


Um dia entrelaçarei pérolas e algas
e saberei os gestos suaves das sereias.

quarta-feira, setembro 07, 2011

O mar. A onda. A gaivota.(versão 2011)



Contigo sou de novo o mar e a onda
e ainda a gaivota sobrevoando a azenha,
pousando suavemente sobre o penedo do Guincho.

Agora a paz dos dias e das palavras
e o calor da tua mão presa na minha escrita.
Há, eu sei, uma tepidez doce nas tuas mãos, sabias?
Como se trouxesses sempre contigo
o Sol dos instantes domingueiros, 
a languidez da charneca alentejana,
algumas conchas que adormeceram no areal,
as palavras adivinhadas no silêncio.
Contigo aprendo a voar,
a enterrar receios na pedra dura dos rochedos,
a inventar palavras que te intrigam,
porque os meus textos há muito que esqueceram a transparência das águas.

Os outros, os amigos, os alegres,
ficam no cais
presos a copos de cerveja
e a conversas ligeiras.
Nada sabem das coisas que nos dizemos no silêncio,
porque há muito que esqueceram
as palavras do amor e do sentir.
Para os outros, os amigos, os alegres,
uma gaivota é uma gaivota, porque sim.
O mar  tem as marés que sempre teve
e o amor é um vocábulo gasto,
guardado no velho alfarrábio,
 esquecido numa caixa de cartão
entre fotografias de casamentos e baptizados,
rostos jovens que o tempo desbotou e amareleceu.
Nada sabem daquilo que os nossos olhos vêem escrito na brisa.
Ignoram os desenhos das nuvens,
os segredos de uma noite sob as estrelas,
a linguagem dos pássaros e das fases lunares.

Os outros, os amigos, tombam de sono,
 esvaziam mais um copo, ou mais outro para o caminho
em noites já vazias de sonho
enquanto as suas mulheres assistem a telenovelas
e choram em silêncio
por já não saberem dizer "amo-te".
As suas mulheres engordam na solidão
de noites inteiras comendo chocolate
e vão lambendo os dedos de unhas estragadas pelos 
esfregões da cozinha.
Nas telenovelas, as actrizes são belas e jovens,
os actores possuem olhos sedutores,
dizem palavras que elas nunca ouvirão.
As mulheres dos amigos, dos alegres,
são as mulheres dos amigos, as tristes.
Perderam as asas, esqueceram o luar.


Há, eu sei, uma tepidez doce nas tuas mãos, sabias?

E eu poderei sempre dizer que amo
e que serei eternamente o mar, a onda e ainda a gaivota sobrevoando a azenha.

quinta-feira, setembro 01, 2011

não poema


Isto não é um poema.
Procuro agora no papel amarelecido
a brancura dos sonhos de um tempo que me morreu.
O vento traz-me os rugidos do mar
e todos os meus medos envoltos na bruma
de noites sem estrelas.
Não sei se tenho frio
se queimo por dentro
se morro de sede
não sei.
Pareciam tão fáceis as quimeras
as palavras enfeitadas de jasmim
a alegria a fé a confiança.
Era linda menina e moça  e mulher
de olhos vivos e alma cheia.
Mas sorria e chorava.
Vivia e morria a cada sonho.
Não me sabia nunca me soube.
Agradava porque queria agradar e ser perfeita
como os modelos das mulheres mais velhas
que cozinhavam e limpavam e bordavam
nas estampas dos livros que me deram.
Mas eu sou eu sempre fui diferente.
Pegava nas folhas em branco
e escrevia as vidas que não vivia.
Sonhadora misteriosa poetisa.
Aprendiza do amor e das paixões.
Hoje tremo de medo e não sei ainda como exorcizar os espectros.
Caminho na fluidez dos dias procurando rir.
Dizem que a terapia do riso nos cura de todos os males.
Em meu redor todos parecem tranquilos e felizes
como se a felicidade fosse um bem garantido.
Um bem garantido.
O vento rompe o silêncio  e eu só quero fechar os olhos e dormir.