segunda-feira, janeiro 21, 2008


É sempre para aqui, para este lugar, que volto.
De passos leves para não acordar os medos.
Sento-me no chão do terraço e escuto as marés
que escondi no meu saco de conchas.
Secreta e mansa como felino na noite,
encosto o ouvido a essas caixas da memória ,
enrosco-me no ontem.
Foi há tanto tempo que sonhei escrever.
Gosto desta clandestinidade feita de letras brancas.
Do código sagrado da palavra oculta.
Do sentido que mal se adivinha na bainha do poema.
É para aqui que sempre fujo,
quando a voz me grita e me lança nos braços da insónia.
Vai e escreve, diz-me ela.