quinta-feira, setembro 17, 2009

Poema sem palavras


imagem Worldpress

Poema sem palavras.

Enquanto os meninos não puderem ser como as flores: às cores !



quarta-feira, setembro 16, 2009

O meu filhote do meio faz hoje anos!!!!!! Viva!!!!

Parabéns, JOÃO, pelo teu 28º Aniversário !

Desejo-te um Dia muito Feliz,
Saúde, Sorte, Paz , Amor e a Realização de todos os teus Sonhos !
És um filho adorado,
contigo perto, há sempre Alegria
e eu tenho muito orgulho em ter sido escolhida para
ser tua Mãe.
Que Deus te abençoe, sempre!

A tua Mãe, que muito te ama,

Tila






O Joãozinho bébé, num passeio à Galiza.


Sonhando com as estrelas...

Salvé o dia 16 de Setembro !

Podem visitar o blog do João aqui.





terça-feira, setembro 15, 2009

Paleta



Não sabias de que cor pintar o mundo.
Nem com que tintas.

Pensaste colori-lo de vermelho escarlate.
Esse das papoilas abertas nos trigais da tua infância.
Talvez o encarnado de acetinadas babuscas
percorrendo, silenciosas, as tendas do deserto,
ornadas de desejo e de paixão.

O teu mundo brilhante
pincelado a tinta de esmalte.

Mas depois pensaste melhor.
Achaste que sentirias a falta
do branco leve da nuvem,
do radioso amarelo do Sol,
do verde dos campos,
do turquesa dos mares do sul e...
até do negro com que tantas vezes
te apetece pintar as noites.

Não sabias de que cor pintar o mundo.
Nem com que tintas.
Talvez por ele parecer a teus olhos
demasiado sombrio,
demasiado pálido para ter consistência,
demasiado sensaborão,
demasiado diluído e aguarelesco.

Queria-lo a um tempo intenso e belo
como as coroas imperiais ou os antúrios das ilhas.
Querias que o teu mundo tivesse
as cores e os sabores do fruto-da-paixão
a fim de saciares a tua fome de Absoluto.

E assim ficaste ali,
sobre a colina,
encostada ao cavalete da vida,
a mordiscar a dúvida na ponta do teu pincel.

Nem reparaste na gaivota,
que te roubou as cores da paleta com a ponta da asa
e daí saiu voando,
enquanto deixava no céu do teu mundo
um rasto de arco-íris.


Poema reescrito a partir de um texto meu de Agosto de 2000







domingo, setembro 13, 2009

Soneto - Outono


Vazia agora está a cadeira do Poeta,
douradas folhas já a cobrem no terraço,
e docemente chora a chuva nesse espaço
onde a Poesia tinha Musa predilecta.

Num ramo fino, ali canta uma avezinha,
no desatino, a melodia sobe aos céus,
final do Verão e já Outono se avizinha,
mas inda há esperança no piar dos cantos seus.

E se o Poeta deixou versos espalhados,
a pobrezinha recolhe-os com mil cuidados,
pelas margens do ribeiro suave e terno.

No seu bico guarda o mais doce refrão,
que a alimenta e lhe aquece o coração
como se fora um lírio sob a terra no Inverno.


sábado, setembro 12, 2009

Sabedoria



Deveria ser-nos dada a possibilidade de nascermos de novo ou de voltarmos atrás no tempo, sempre que nos apetecesse.

No dia do nosso aniversário, por exemplo, reuniríamos familiares e amigos e diríamos:

- Hoje faço de novo 20 anos!

E de imediato os ponteiros dos relógios rodariam em sentido contrário a uma velocidade vertiginosa.

Á medida que o tempo recuasse desapareceriam a pouco e pouco os cabelos brancos, as rugas, as deformações das articulações, a hipertensão, a diabetes, o cancro da próstata, a doença de Alzheimer e todas as demais maleitas que nos possam afligir com a idade.

A pele tornar-se-ia mais clara, mais brilhante, mais flexível e os nossos pulmões respirariam com maior facilidade.

De olhar brilhante, sorriríamos com todos os nossos dentes imaculadamente brancos e o nosso hálito seria fresco e perfumado como a hortelã-pimenta.

Apenas guardaríamos a sabedoria adquirida ao longo dos anos e todas as nossas lições de vida, que são muitas e importantes demais para serem esquecidas, mas que de pouco nos valem quando o nosso tempo de existência encurta a cada ano.

Quando se chega à meia-idade, de quase nada nos serve já saber-se muita coisa, porque a vida transformou-se em rotina e qualquer um de nós pode adivinhar de véspera o que nos acontecerá no dia seguinte,como se todos fossemos bruxos ou astrólogos ou numerólogos ou cartomantes ou tarólogos ou videntes.

É evidente que as lições de vida seriam mais importantes se o tempo recuasse e nos desse uma segunda, terceira, quarta ou mesmo quinta oportunidade.

Gostaria que o tempo voltasse para trás, como cantava o Tony de Matos quando eu era menina , ele que por acaso era o cantor galã favorito da minha mãe.

Era ele que também dizia que “o destino marca a hora pela vida fora, quem havia de dizer?”.

A minha mãe nunca me disse que o tempo voava.

Nem nunca me falou de escolhas, porque também a mãe dela se esquecera de a avisar.

Ensinou-me tudo o que uma mãe ensina a uma filha e tudo o que ela deve levar no
enxoval menos a questão da idade e do tempo.

Mas eu deveria ter dado ouvidos ao que o seu cantor preferido cantava,pois logo ficaria a saber que o tempo não volta para trás nem nos dá aquilo que perdemos.

E acrescento que se o destino marca a hora, há destinos que nunca passam de desencontros e que o meu raramente me marcou a hora certa no sítio certo com a pessoa certa e que, mesmo quando isso esteve prestes a acontecer, houve sempre algum quiproquó pelo meio para estragar a festa.

Assim, se pudesse, guardaria, apesar de tudo as lições de vida para não voltar a ficar presa na armadilha do tempo. Mas adiante…

Se voltássemos a ter 20 anos recordaríamos todos as más escolhas ou escolhas erradas ou ainda as escolhas que não fomos nós a escolher porque fomos débeis
ou medrosos ou inseguros e deixámos que fossem outros a escolher por nós.

Recordaríamos as pessoas que amámos enquanto filhos, pais, padrinhos, afilhados, netos, tios, primos, vizinhos, amigos, namorados, amantes ou esposos.
Recordaríamos as pessoas que não soubemos amar ou que amámos mal
ou que amámos pouco ou até demais.

Recordaríamos os momentos em que nos apeteceu dizer “amo-te” ou “quero-te”
mas não dissemos “amo-te” ou “quero-te” por pudor, por medo, por estupidez,
por insegurança ou por outro motivo qualquer decerto menos importante que o amor.

Se renascêssemos com 20 anos com a sabedoria dos 50, seríamos talvez mais felizes.

Ou não.Porque aos 50 anos, ainda se sabe tão pouco da vida.

sexta-feira, setembro 11, 2009

A minha letra


Amo a minha letra.

Com ela escrevo o meu nome ,
as palavras carinho e coração,
a cor do céu e o caminho.

A minha letra é também a de Colombo,
de Camões, de Corneille e até de Cristo;
usa-se em coragem e em ciúme,
podendo ainda ler-se em crime e em castigo.

A minha letra é a sorte anunciada da capicua,
desenha-se no hermetismo do círculo,
é o carro veloz e o caracol,
introduz cantiga e canção.

A minha letra é chocolate e é café,
comida quente e fofa cama,
a minha letra é o cê,
está em cereja e em você.

Clotilde, Cláudia e Cláudio, Cândida,Celeste,
Carla , Carlos e até Carlota ...
Carmo, Cármen,Cristina e Cesaltina...
tantos os nomes que a minha letra inicia.

A minha letra é mar , farol e ilha,
carinhosa e doce como a Catarina,
a menina que escolheu ser minha filha!







quarta-feira, setembro 09, 2009

Regresso


Ilha de Armona no Parque Natural da Ria Formosa (foto Google)



Regresso agora de alma verde
e gestos suaves como os das gaivotas sobrevoando a ilha.

Deixei na praia as telas que pintei
e pequenos sonhos esboçados no areal.


Mas trago os risos das crianças
desfiando algas na subida das marés
e ainda todos os lugares que visitei.

Recônditos caminhos feitos de palavras revisitadas.
E também de palavras não ditas, apenas adivinhadas
nos sorrisos e nos gestos.
Verão. Férias.
Alegria.
Amor, beleza, estrela e harmonia.
A ria, o mar, a pesca e o farol.
A lua cheia.
Um espelho de prata.
O Sol em fogo.
E a roda de amigos!


Regresso agora de alma cheia
e um rosário de conchas recolhidas em silêncio.

Porque é sempre no silêncio que me procuro,
me encontro e reencontro para me voltar a perder.

Regresso agora à casa e aos livros.
Aos dias e às noites que tão bem conheço.

Deixei na praia os versos que criei,
pequenas notas de solfejo murmuradas ao luar.

Mas trago os beijos e os braços acenando adeus no cais
e ainda a voz do vento sussurrante no ouvido.

Na pele guardo todos os sóis de um verão ardente
e meu coração é uma ilha de emoções,
onde há mar e céu e céu e mar !

Meus olhos são agora azuis de tanto mar.
Meus olhos são agora luz de tanto céu.