domingo, maio 20, 2018

Sem voz

Quando dei por mim, estava rouca.
Perdida a voz que me fazia cantar os dias,
Passo agora os dias a contar as horas do silêncio.
Que ventos me levaram os sonhos?
Que saudades me roubaram os sorrisos?
Que tempos me usurparam a alegria?
Que cansaços me extraíram o entusiasmo?
E no entanto...
No entanto, olho em meu redor
E tudo me fala de poesia.

Clotilde S. Maio 2018

sábado, abril 23, 2016

Instantâneos



Se disparasse a minha máquina fotográfica
 contra ti poderias morrer de susto.
Guardaria a tua alma só para mim
numa qualquer caixa de sapatos forrada a papel de seda.

C.S 2016

E de novo a Primavera




,

Chegaste  com o teu sorriso tímido
como que pedindo desculpa pelo atraso.
Peguei na minha écharpe vermelha
e fui andando por entre as árvores
permitindo que o Sol me beijasse
a palidez dos dias invernosos.

Um gato dormitava na calçada quente.
Afaguei-lhe o lombo e segui sozinha.

C.S.2016


domingo, abril 17, 2016

Pássaro sem asas

Olhar fundo no profundo de mim
e ver apenas um  rosto envelhecido num espelho quebrado.
Perdi as marés que sacudiam os dias,
os fogos abraçando os crepúsculos ,
os sonhos que a brisa me sussurrava nas noites.
Olhar fora para fora de mim
e ver apenas o cinzento chumbo da arma que um dia me matará.
Pássaro sem asas, árvore desfolhada, barco parado no rio, alma penada.
E este viver sem vida,
Dias desenhados a papel vegetal.
Amanhã, virá outro igual.

C.S.

sábado, novembro 15, 2014

Pedras

Longa é a noite dos analfabetos do Amor.
As palavras adormecidas no seio das pedras
sonham com um mar que deixou de ser.
E são tantos os poemas guardados no silêncio!

quinta-feira, novembro 13, 2014

Tempo

Perdemos tempo conversando sobre o tempo.
Os ponteiros do circular relógio fazem a ronda da vida, segundo a segundo.
Falemos de Amor,de Alegria e de Sorrisos.
Enquanto temos tempo.

segunda-feira, março 17, 2014

Hermetismo

Magnetismo ou mistério?
Mentes febris? Loucos faunos?
Dedos longos, bailarinos,
entoando hinos nas rotas da mente.
Rios, transgressores de margens,
inundando imagens nos campos da gente.
É sempre na noite das águas profundas
que ondulam palavras no hermetismo dos búzios.




segunda-feira, março 10, 2014

Primavera

Estava prometido que voltarias depois das chuvas,
trazendo contigo o colorido das flores
e a aconchegante tepidez de manhãs soalheiras
igual a mãos vestidas de luz.

Esperei por ti à janela.

As pombas dançaram no céu azul e eu 
____________________________________sorri!

Clotilde S. Março, 2014