terça-feira, agosto 25, 2009


Não, amigos. Eu não fugi nem me zanguei com ninguém. O portátil é que, por falta de memória, coitadinho, decidiu avariar e não arrancar no Windows. Está hospitalizado a ver se melhora. Como lá na praia não tenho outro meio, fiquei "exilada" do mundo dos blogs.

Vim a casa e aproveitei para vos avisar de que vou continuar ausente, sem net, por mais uns tempinhos.

Obrigada pelas vossas visitas e comentários.

Desejo-vos continuação de dias felizes,

Clo

sábado, agosto 15, 2009

As horas

Sunday Paper, Steven Lanvin
Para os nossos filhos:
O relógio de parede dá-te os segundos, os minutos e as horas.
Deste modo, ritmado e lento, vais contando os dias e as longas noites brancas
em que nada mais te é ofertado a não ser o imenso tempo da espera.
Diz-te o jornal que é domingo e que há gente que se veste de azul
e passeia no parque depois da missa para logo depois ir almoçar em família.
Também te diz o jornal que o mundo está cheio de mulheres bonitas e pulposas,
macias como os pêssegos que a vizinha te trouxe para a merenda.
E diz-te ainda o jornal que há carros mais velozes que o vento,
barcos que flutuam leves sobre águas turquezas , areias quentes,
e ainda que há certos relógios que te custariam dois anos de salário,
se tivesses salário,
se precisasses de saber a que horas andas.
Mas o que te sobra na vida são os segundos, os minutos e as horas
que o teu relógio de parede já te oferece de graça.
E diz-te ainda o jornal que o mundo está em crise,
que a sustentabilidade do planeta corre graves riscos,
que é tudo por culpa do sistema, da macroeconomia,
da microeconomia, do consumismo, do sobrendividamento,
da densidade demográfica, da falta de activos, do aumento da esperança de vida...
Mas que esperança, fonix? ,pensas tu, ... que vida?
Dizem que pertences à geração rasca.
Dizem...
No jornal.
E o relógio vai-te dando, de graça,
tic tic
tic tac
tic tic
tic tac
as horas de espera
tic tic
tic tac
em que tu desesperas.
Porque há tipos, que se fossem relógios, nem as horas davam !

segunda-feira, agosto 10, 2009

Pontes


E agora, que dizer?
Que palavras inventar
para escrever a balada do rio,
as imagens espelhadas sobre as águas,
as pontes brancas dos caminhos ainda virgens?
Que dizer, agora?
Tão longe o mar,
longínqua a dança das Musas com Poseidon,
perdida a ilha na memória fossilizada das conchas,
e este torpor nos dedos frágeis das anémonas.
E agora, diz-me, que escrever?
Não nascem flores nos túmulos dos poetas
e as pontes estão todas por fazer.

terça-feira, agosto 04, 2009

Participação no tema "Uma carta de Amor", paro o blog Vou de Colectivo



Querida Laura,

Recebi ontem o teu bilhetinho. Foi o rapaz da tabacaria quem mo entregou quando fui comprar cigarros e o jornal vespertino. Passou-mo para a mão, muito bem dobrado, juntamente com o troco da nota de cinco euros que eu lhe tinha dado para pagar o jornal e o maço de tabaco. Não, Laura, ainda não deixei de fumar. Até ando a fumar mais desde aquele dia, bastante mais. A minha mãe já reparou que os cinzeiros estão a abarrotar de beatas sempre que cá vem dar um jeito ao apartamento.
O que mais me entristece nisto tudo é que, com a nicotina, já não há rasto do teu cheiro pela casa. Antigamente, mal abria a porta e entrava no hall,s entia logo aquele aroma a "Amore, amore". Percebo pouco de nomes de perfumes, mas lembro-me deste porque tem o nome pelo qual me chamavas assim que me ouvias pousar as chaves no mármore da cómoda do hall de entrada. e também porque era o teu perfume preferido. Penso eu, que pouco percebo de perfumes. Do que eu gostava mesmo era do teu cheiro. Do cheiro da tua pele quando te chegavas a mim e me abraçavas, fosse a que hora fosse, de noite ou de dia.
Sabes, Laura, às vezes, quando a saudade aperta, abro o roupeiro e procuro o teu cheiro. Deixaste por cá uma écharpe de musseline. Julgo que seja musseline. Não tenho a certeza porque também pouco entendo de tecidos. De qualquer modo é uma écharpe que ainda guarda o teu cheiro e eu enfio o rosto nela, fecho os olhos e sonho contigo. Eu ainda sonho muito contigo, Laura.
Mas os meus sonhos são como ondas a bater contra o paredão em noites de tempestade. São sonhos de angústia e de raiva por não ter sabido guardar-te, manter-te aqui para sempre, eternamente. Raiva por ainda saber menos de sentimentos que de perfumes e de tecidos.
Recebi ontem o teu bilhetinho, Laura. O rapaz da tabacaria entregou-mo com o troco e disse-me:
- Senhor, deixou cair este papel em cima do balcão juntamente com a nota.
Mas eu não me chamo Leonard, Laura. Chamo-me Pedro e ainda te amo.
Para participar, clique aqui no VOU DE COLECTIVO.

domingo, agosto 02, 2009

Telas




O seu vestido era uma longa tela branca
onde dedos de pintor um dia desenharam
pétalas de rosas, de fúcsias e de liláses.


Breves impressões de folhas ,
esvoaçantes e etéreas ramagens.

Vestida, lembrava a forte e fresca Primavera.
Dizem que dançava flamenco no terraço da mansão.
Nua, era o calor do Sol de Agosto.

Um mar de perfume !



Visite-me no "Caminhando pela Paz", post de hoje "Alegria - Eleve o seu bem-estar"
e tenha um magnífico Domingo!