Watering Girl de Allan Banks
Não sabemos como nasce o Poema,
nem com que linhas se tecem as palavras dos sentires.
Poderá o Poema nascer na fonte das águas metafóricas
e navegar docemente pelos rios que levam ao mar.
Será então um Poema-barco, um Poema-nau,
carregando tesouros d' aqui e d'além vida.
Ou um Poema simples como a água que rega o roseiral.
Poderá o Poema nascer na cratera do vulcão
e soletrar vocábulos de chama e de cinzas,
restos de lamas sentidas no ardor da paixão.
Poema-fogo, incendiando as moléculas vivas
que nos compõem o sangue e as emoções.
Mas nada se sabe da Luz, da Dor, da Alegria ou do Temor
que verdadeira e absolutamente fazem surgir o Poema.
Do Elixir dos deuses,
do néctar dos anjos
ou do fruto proibido
de um Éden perdido;
Da Àgua,
do rio,
da fonte,
da onda ,
da gota
ou do mar.
Do Riso,
da lágrima,
do fogo
do quente ou do frio.
Da Doença ou da Morte.
Da Saudade ou do Beijo.
Da Mão de fada,
Da Asa de anjo,
Do Estremecimento de um duende atrevido.
Do Tudo.
Do Nada.
Assim poderá nascer o Poema.
Assim poderá Ser.