
Uma aluna, a quem dou explicações de Língua Portuguesa, trouxe para a lição de hoje uma "Carta de Amor". Pretendia que eu a corrigisse, já que se trata de um exercício de produção escrita para entregar ao professor, após as férias da Páscoa.
Este episódio, que nos valeu a ambas uma boa hora de divertimento (afinal estamos de férias !), levou-nos a concluir que já pouca gente escreve cartas de amor.A sua total falta de prática e de inspiração, apesar dos jovens 16 anos, são bem prova disso.
Nos nossos dias, com os telefones portáteis, as mensagens gratuitas, o correio electrónico e, acima de tudo, a facilidade dos postais "pronto-a-enviar" com imagem, texto e música, fazem com que o Amor não se escreva e os sentimentos não se exprimam por palavras. Daí a não se saber sequer falar de emoções vai um passo tão pequenino... E quem não fala, não se entende.
E triste, todavia.O Amor precisa de elogios, de sonhos, de suspiros e de palavras bonitas; não sobrevive a demasiados silêncios. Tudo isto apesar de "todas as cartas de amor serem ridículas", no dizer de Pessoa.Mas não seremos todos um pouco tontinhos e ridículos quando amamos?