terça-feira, abril 25, 2006

Os cravos do Poeta



É para ti, meu filho,que hoje canto !
Canto por já não teres de forrar livros a papel pardo.
Canto por não teres de esconder os teus poemas.
Canto por não teres sido obrigado a matar.
Canto por não teres sido preso.
Canto por não teres sido torturado.
Canto por não teres sido obrigado a fugir.
Canto por não teres sido morto.
São para ti, meu filho,
os cravos do poeta,
os cravos de Abril !
Porque estás aqui,
vivo e feliz :
LIVRE na tua escrita!
Escrevo em memória da dor e das lágrimas de todas as mães, que, ao contrário de mim, não tiveram a felicidade de dar á luz depois do 25 de Abril.


6 comentários:

Clarissa disse...

Canela...comovente, absolutamente comovente. Um verdadeiro hino não só á liberdade mas a todo o sofrimento visto pelo feminino.
Adorei.
Beijo grande :)

Brandybuck disse...

Belo poema

Obrigado

Um beijo

Clotilde S. disse...

Clarissa, José,
Obrigada pelo carinho da visita e pelas palavras de estímulo.
Um abraço de Abril.

Anónimo disse...

deixaste-me a lágrima no olho... o mnha mãe ja teve a mesma sorte que nós, apesar de ter um filho que é militar. Olho p/ o meu filho e penso mto no sofrimento das maes nesse tempo. Adorei este teu poema. Um beijo mto grande *

Menina Marota disse...

No dia 25 de Abril, estava grávida, da minha filha.
Grávida, sózinha, assustada...
Duas meninas, uma dentro da outra, que hoje sorriem... felizes...

Um abraço carinhoso ;)

Pedro Leite Ribeiro disse...

Lembro-me da minha mãe me confessar que do 25 de Abril o que mais a tinha alegrado fora o facto de eu não ter que ir para a guerra! Percebi mais tarde que ela teria sofrido de bom grado a imposição do silêncio e todas as prepotências do regime em troca da minha desobrigação de embarcar para África.
Gosto muito da sua escrita, simples e bela! Voltarei sempre!